terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

No Mínimo Interessante (Parte 1 de 2)

Eu queria ter postado isso ontem, mas não pude. É um resumo do que aconteceu em mais uma segunda-feira desse mundão que é o Rio de Janeiro. Como todos sabem, minha memória não é lá essas coisas. Estou treinando, mas deve faltar algo aí. Quer saber? Leia. Você não ia ficar sabendo de nada mesmo...

Tudo começou quando acordei. Não lembro de como foi, mas sigamos.

O dia foi marcado por dois fatos: um enterro e o início das aulas da faculdade. Vamos por partes, como um bom esquartejador.

O Enterro

Eu trabalho com duas secretárias, cada uma em um horário. A da manhã estava de férias e com um pai à beira da morte. A da tarde só chegar tarde e está com um marido a vinte anos à beira da morte.

Estava navegando pelas internets quando recebi a ligação da tia da tarde, que passarei a chamar de "Josefa". Nome falso para preservar identidade e blá blá blá.

Ela dizia que o pai da "Maria" (tia da manhã, nome falso, etc...) havia falecido, passado dessa para uma melhor (quem sabe?) e sua filha solicitava nossa presença no velório e posterior enterro.

Fui. Pela amizade com a tia "Maria" e, também, pela quebra na rotina. Achei que seria interessante acompanhar as últimas homenagens a uma pessoa. Acertei em cheio.

O "passeio" já começou legal. Num táxi, que não foi pago por mim e onde tia "Josefa" comia um pedaço de pizza, passamos pela famosa Perimetral. O Elevado, para ser mais exato. Aquilo é enorme, bonito, com uma vista legal e rápido!

Após a Perimetral, a velha amiga Avenida Brasil. Após a Brasil, a Linha Amarela, pela qual eu também nunca tinha passado.

Chegamos a Inhauma por volta de 12:20h, com a celebração marcada para as 13h. Beleza! 40 minutos de espera, alternados entre olhar para a cara de pessoas que eu não conheço e beber água. Aproveitei para analisar as relações sociais que envolviam aquele momento. Minha bexiga agradeceu.

Como eu não era envolvido diretamente com o falecido, estava frio entre os parentes, tal qual uma pedra de gelo no forno. Mas não me derreti, não se preocupem.

Uma das coisas que achei, no mínimo, estranhas, foi o fato de as pessoas chegarem e cumprimentarem perguntando "tudo bem?" Como assim?! Uma pessoa morreu! NÃO É para estar tudo bem! Pelo menos isso foi o que eu sempre achei que os humanos sentissem.

O corpo estava coberto de flores, num caixão simples, sobre dois cavaletes, com um véu transparente por cima. Como ele já estava se deteriorando antes mesmo de morrer, uma parte de seu rosto estava com uma cor diferente, mas nada que causasse algum espanto ou repulsa. Eu acho.

Dada a hora e não foi encontrado o capelão, a própria família rezou um Pai Nosso e uma Ave Maria. Segui-se, então, o cortejo fúnebre. Uma Kombi levou o corpo enquanto nos guiava até o túmulo.

Entre todos que estava caminhando muito lentamente, me chamou a atenção um senhor que batia um papo descontraído com uma moça. Falava sobre a morte de um de seus filhos, sobre o bom espírita que era e disse que a vida era aquilo ali, enquanto apontava para os jazigos, lápides, caixões e pessoas que choravam por perto.

NÃO! A vida não é isso! Isso é o final da vida. A vida é o quanto você se marca e o quanto você marca outras pessoas. Quando você olha pra trás e vê tudo aquilo que passou, isso é sua vida. Quando as pessoas olham pra trás e lembram de você, isso é sua vida.

Continuamos caminhando, já no cemitério, em direção ao túmulo, deixando pessoas para trás. Pessoas que não queriam ver os últimos momentos. "Não entendem que é só um corpo! Apenas músculos, ossos, pele!", pensei na hora. Mas é, também, um símbolo. Enterrar "alguém" é dizer adeus àquela pessoa, àquele ser amado. E as pessoas não gostam de dizer adeus.

Fui até o final. Até ajudei a carregar o caixão, passando por cima de outros corpos enterrados. Achei interessante saber que ali embaixo haviam outros montes de ossos e cabelos, como os meus. Tenho uma certa curiosidade sobre o corpo humano, que me comoveu naquela hora. Minha mente borbulhava! Mas não fiz nada de estranho.

Colocaram o caixão na cova, fizeram, novamente, as duas rezas e, dessa vez, mais uma oração. Por fim, enterraram o corpo do seu Sílvio.

Amém.

Na hora de ir embora, vi a foto de uma mulher que parecia com a minha chefe (TODOS RI) e um jazigo de um pagodeiro que me envergonhou profundamente.

Em suma, me desculpem as pessoas que possam não entender, foi um passeio bem divertido.

Voltei ao trabalho de metrô, que também não foi pago por mim, trabalhei e me preparei para meu primeiro dia na faculdade, o qual contarei em momento oportuno.



(Continua...)

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